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Jornada Mundial das Crianças: a Igreja conduza a “revolução da ternura"
Por Administrador
Publicado em 05/06/2025 09:27
Novidades

“A Jornada Mundial das Crianças, desejada pelo Papa Francisco, é um evento que, pela primeira vez na vida da Igreja, coloca as crianças como sujeito da vida eclesial, como profecia viva e vibrante do Evangelho”: foi o que ressaltou o cardeal José Tolentino de Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na sua lectio magistralis, lida pelo padre Antonio Spadaro, secretário do mesmo Dicastério, durante o simpósio, intitulado “A Igreja das Crianças - rumo à Jornada Mundial das Crianças”, que se realizou, na sexta-feira, 30 de maio, na Sala Pio XI do Palácio São Calisto, em Trastevere, coração de Roma. Após a saudação do padre Enzo Fortunato, presidente do Pontifício Comitê para a JMC, promotor do evento, o cardeal fez uma intervenção, toda dedicada à “revolução da ternura” e às crianças, não como companheiras secundárias no caminho de fé da Igreja. A Jornada Mundial das Crianças será celebrada em setembro de 2026.

 

A infância no leito da teologia

 

Sobre a vida dos mais pequeninos, as estatísticas apresentam números "assustadores": "Cerca de 400 milhões de crianças vivem em áreas de conflito e 13.000 morrem, todos os dias, por causas que se poderiam evitar", explicou o padre Spadaro, à margem da lectio magistralis do cardeal José Tolentino de Mendonça, segundo o qual precisamos de uma teologia inclusiva, que envolva as crianças: "Muitas vezes, no curso da história, concebemos a teologia como um assunto predominantemente abstrato, distante da carne viva da história. A infância, em sua realidade nua e frágil, pode e deve ser assumida como um verdadeiro locus theologicus".

 

Aliança entre Igreja e família

 

O legítimo lugar das crianças é, portanto, no seio da teologia e no abraço espiritual da Igreja. Como disse Gleison de Paula Souza, secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, “Os pequeninos recordam-nos que a Igreja é mãe e, como tal, se sente plenamente responsável pela sua tutela, proteção e crescimento humano e espiritual. Trata-se de uma missão que a Igreja compartilha com os pais e as famílias, que estão por trás de cada criança”.

 

Toda criança é uma semente que florescerá

 

Por sua vez, o padre Michele Gianola, delegado nacional da CEI - Conferência Episcopal Italiana, - junto ao Pontifício Comitê para a Jornada Mundial das Crianças e moderador das intervenções do simpósio, afirmou: “Na minha terra, dizem que, sob a neve, há pão, porque a semente lançada na terra é protegida pelo manto de neve invernal até florescer na primavera. A infância e a adolescência devem ser vistas sob duas perspectivas, ou seja, como um dom e como uma tarefa: a tarefa de proteger e fazer florescer a semente da vida, semeada em cada criança”.

 

Infância, uma invenção do Cristianismo

 

A infância em si, afinal, é uma novidade antropológica introduzida na história pela própria Igreja, como explicou a professora Marina D’Amato, docente de Sociologia da Infância na Universidade de Roma Tês: “O ser criança foi inventado no século I d.C., quando os novos valores do Cristianismo separaram adultos e crianças, devido ao conceito de pudor e responsabilidade. No mundo antigo pré-cristão, as pessoas continuavam a fazer, na idade adulta, as mesmas coisas que faziam quando eram crianças, sem pudor. Depois, o Cristianismo distinguiu uma idade humana, em que não se responsabilizava pelas próprias ações, ou seja, a infância, da idade a partir da qual se é totalmente responsável”.

Crianças reunidas em torno do Papa Francisco durante a JMC de 2024 (Vatican Media)

 

Sob as bombas em Gaza, Sudão e Ucrânia

 

Por outro lado, a escritora Dacia Maraini, lançou um olhar sobre o mundo infantil contemporâneo, ao recordar os muitos lugares, onde os menores estão bem longe de serem tutelados: “As crianças, que morrem sob as bombas em Gaza, Sudão e Ucrânia, não representam apenas tragédias distantes, mas feridas que afetam cruelmente a humanidade como um todo. Creio que a Igreja, com o Papa Francisco e, hoje, com Leão XIV, teve a coragem de recolocar as crianças no centro de uma temática ética. Ela teve a coragem de ressaltar suas feridas, denunciar os abusos, confrontar-se com quem sofre e com quem se cala por medo”, concluiu a escritora.

 

 

 

Fonte:Vaticannews.va

 

 

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